Um conto de metrô

Lá estava eu esperando o trem, 
quando senti sua presença atras de mim nas portas do metrô, 
vi seu reflexo pelo vidro.

Entramos no vagão, tomei lugar encostado próximo aos batentes,
onde a maioria das pessoas se apertam por conseguir um espacinho e segurar.
Entrei e fechei meus olhos.
O cansaço é tanto, que dormirmos em pé no caminho ao trabalho.

Num intervalo entre as estações,
abri meus olhos e lá estava você, 
bem na minha frente, tão perto
olhos fechados, tentando aproveitar os minutos para revigorar o sono.

Não pude deixar de observá-la.
Um rosto delicado, pele branca.
Sem excesso de maquiagem, 
normal, ainda com cara de quem acordou a pouco.

Tão branquinha e doce nos traços,
sobrancelha fina, cabelos lisos pesos para trás,
um punhado de pintas.

Enquanto observava,
você abriu os olhos. 
Sua primeira imagem era eu.
Me senti Adão no Éden,
seu olhar me pegou no pulo.

Fui surpreendido. Foram segundos de olhos nos olhos..

E quando você virou rápido,
e me pegou com a mão no bolo,
te olhando de surpresa, cheguei a ficar hipnotizado por um instante.

Tao rápido quanto me flagrava me virei e disfarcei o meu pecado como se nada fosse comigo.

Ao te olhar assim tão de perto,e tão desapercebido,
prestei atenção com esmero em você,
nos detalhes, e até imaginei o sabor do beijo. Confesso.

Ah sonho meu que você me percebesse e que o amor nos visitasse.

Todas as segundas você varia a cor do esmalte,
hoje esta de vermelho. E semana passada não esqueci o cintilante.
Nas roupas, acho que gosta de azul,
de tanto observá-la já posso arriscar sua cor favorita.

Fico imaginando quando te vejo, como foi seu final de semana,
se divertido, se triste, se com amigos ou família. 

E agora? Falta -me coragem para chegar em você.